Nós, humanos, no espectro do universo, menores ainda. Há menos de um ano, a Nasa detectou a existência de água em Marte. E se existe água, existe sentido para a vida.
Na grandeza cósmica, somos pequenos, insignificantes. Somos pequenos, sim, mas também somos grandes. Se nos olharmos com outras lentes, veremos que significamos muito. Na Terra, cada vida tem a importância de um universo. O microcosmo do planeta já é grande o bastante. Tanta complexidade às vezes nos confunde. Este início de milênio é daqueles momentos em que a crença na humanidade é questionada. Diante da violência, quase sempre gratuita, da intolerância, do desrespeito à natureza, é inevitável perguntar: qual é o sentido disso tudo? Qual é o sentido da vida?
“Quanto mais louca e imprevisível é a vida, mais pensamos sobre o que ela significa e sobre a nossa transitoriedade aqui”, diz a enfermeira e Ph.D. em política de saúde pública Norma Bowe.
Idealizadora e professora do curso Death in Perspective (Morte em Perspectiva), na Universidade Kean, em Nova Jersey (EUA) com lista de espera de três anos, Norma acredita que somente ao encararmos a morte podemos descobrir o significado da vida. “Nós, humanos, nos consideramos invencíveis até sofrermos uma primeira grande perda. Só assim para entender o real significado da mortalidade”.
O sentido da vida é o tipo de pergunta que não deve ser respondida, mas mantida como pergunta.
Ao longo da existência, vários dilemas vão surgir, e a resposta vai mudar com o tempo. Por isso, é preciso refletir constantemente sobre essa questão em diferentes fases da vida. “O sentido da vida é a própria caminhada, deve estar conectado às coisas que você escolhe no seu dia a dia. O sonho já é outra coisa, é um ponto de chegada, é finito”.
“O sentido da vida é ser feliz” não vale como resposta. “Conhece alguém para quem o sentido da vida seja ser infeliz? A questão é: o que é ser feliz pra você?”,
PERCALÇOS DO CAMINHO
Mas prepare-se: honrar seu propósito de vida implica perdas. Você terá de abrir mão de convites, oportunidades, hábitos e até mesmo do dinheiro para viver mais de acordo com o sentido que vê na sua vida. Lidar com as renúncias é o maior desafio de se ligar à própria essência. “No sentido filosófico, todo mundo considera que o dinheiro tem menos importância, mas, na esfera prática, ninguém quer diminuir a renda que recebe.
Quem você quer ser? é uma questão que deve vir antes e está acima do que você quer ter, seja cargo, salário, casa, marido, esposa, filho, etc. As pessoas sabem que querem ter filho filhos, mas não pensam que tipo de pai, mãe querem ser. Sabem que marido ou esposa querem ter, mas não pensam como querem ser na relação. Todos estão comprometidos com a mudança do outro. Mas a questão aqui é olhar para si.
Olharmos para dentro inclui nos perguntarmos o que podemos fazer para melhorar o relacionamento ou o emprego em que estamos, antes de trocar tudo o tempo todo, como os integrantes da nova geração (conhecida como Geração Y) costumam fazer. “Devemos trabalhar com atitude em tempo presente, sem perder a visão de médio e longo prazo.
Mesmo diante das surpresas desagradáveis que a vida lhe apresentar, bagunçando todos seus planos e pondo seus sonhos em xeque, é preciso ser capaz de encontrar propósito e significado em cada fase. Somos responsáveis pelas nossas alegrias e decepções, pelos bons e maus momentos que vivemos.
Temos sempre o poder de decidir como reagir à adversidade. Devemos parar de culpar os outros e tomar a responsabilidade pela forma como vivemos. Afinal, a felicidade está muito mais alinhada às nossas decisões do que ao destino que nos apresenta.
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