Já dizia Saramago: A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver.
Allan Kardec dizia que o espírito deve adotar uma postura diante da vida que lhe permita otimizar o conhecimento extraído de cada situação a ser ingerida. Isso é evolução.
Essa atitude é chamada de autoatualização permanente: exercício contínuo de leitura que o homem faz de si mesmo, dos outros, do mundo, da vida. Espécie de autoanálise promotora do crescimento pessoal. Ou seja, como dizia o mestre francês: “nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”.
O sol refulgia no céu límpido e azul, a água cintilava sob os seus raios, as árvores pareciam mais verdes e as flores mais alegres à sua benéfica influência. A água murmurejava com um ruído agradável, as árvores farfalhavam à leve brisa que lhes agitava as folhas; os pássaros cantavam nos ramos. Era manhã uma clara e balsâmica manhã estival; a menor das folhas, o mais diminuto dos talos de grama palpitava de vida. A formiga saía para seu labor cotidiano; a borboleta, revoluteando, aquecia-se aos cálidos raios do sol, miríades de insetos estiravam as asas transparentes e gozavam a breve, posto que feliz existência. O homem caminhava, enlevado pela cena, e tudo era brilho e esplendor”.
Como qualquer paisagem idílica, o tempo “evapora” com pressa.
Realmente, o viver é breve. Já dizia Clarice Lispector: “A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade”.
Com o passar do tempo, sentimos que devemos extrair da vida o potencial de aprendizado de cada situação vivida. Muitas vezes, queremos sentir o desejo do eterno em nossas vivências. Queremos que o momento presente se prolongue. A eternidade é um dos desejos mais profundos do ser humano.
Todos nós queremos ser eternos. A maioria das religiões prometem a Vida eterna. E, muitas vezes, nos iludimos com essa perspectiva de eternidade.
Eternizar o momento é ter a consciência de que o futuro pode ser uma grande ilusão.
Aprendemos a partir disso que devemos viver o presente. Ou seja, carpe diem.
Devemos ver as dádivas do presente: os “milagres” do cotidiano. Devemos sentir a graça e a leveza ou mesmo os desafios e os percalços da nossa vida. Por trás de tudo, há uma beleza e um aprendizado. Tudo tem um significado.
Os “acasos maravilhosos de nossas vidas”, como situações inesperadas, são relâmpagos que clareiam nossos horizontes de escuridão.
A brevidade de nossa existência e a nossa fragilidade diante do que chamamos de acaso deve servir como alarme.
O acaso é uma alternativa para tentar explicar situações que desconhecemos. Acontece independentemente de nosso querer, desejo e vontade.
Não há razões ou “conexões lógicas”. O acaso se assemelha ao acidente e as contingências.
O acaso não é somente a negação de um determinismo ou de uma explicação racional, de fato, é o estabelecimento de uma desordem.
Porém, “nada acontece por acaso”.
O acaso possui uma ordem racional de “situações não explicáveis”.
Devemos buscar entender a mensagem do acaso.
Tudo possui sua razão de ser e se constitui em um discurso a ser “lido”. E chegamos à conclusão de que não existem vidas que se desenvolvem paralelamente, mas todas estão entrelaçadas e fazem parte de um todo.
Um encontro inesperado depois de muitos anos. Um telefonema. Um e-mail. Uma notícia.
Aprendemos que os eventos do “acaso” fomentam nossa evolução.
A evolução é um dos objetivos da própria vida.
A evolução faz parte da história de nossa espécie.
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